O Imaginário na obra de Gaston Bachelard: Uma introdução à ontologia da imagem poética

Resumo

O presente artigo objetiva introduzir os principais conceitos e categorias sobre o imaginário poético na obra de Gaston Bachelard a partir das obras A Poética do Devaneio e A Poética do Espaço. A imagem poética é analisada como uma atividade de destaque, tendo em vista seu caráter amplo e o alcance das dimensões ontológicas. O devaneio poético é um exemplo chave para uma fenomenologia da imaginação, mas o devaneio ou o imaginário em si são práticas também analisadas e intrínsecas a vida psíquica e social. É o grau de influência que a relação dialética da imaginação com a vida que se permite analisar. Concepções Junguianas são trabalhadas por Bachelard como recurso de demonstração da imaginação como prática que expressa, de modo simbólico, o âmago do sujeito, assim como oferece pistas que direcionam a imaginação como ferramenta existencial e não somente literária. O potencial do devaneio é equivalente ao potencial do pensamento e da epistemologia, considerando que a origem do conhecimento e da imaginação são da mesma consciência. A objetividade científica, a partir das obras A Psicanálise do Fogo e A formação do Espírito Científico são explorados brevemente a título de exemplo neste trabalho, apenas para demonstrar como a cultura influencia no senso criativo e expansivo do devaneio poético. Contudo, o conhecimento quando precedido pela admiração, não se compromete, se reforça, pois a consciência do limite é o que permite a possibilidade de extensão epistemológica, assim como uma consciência que contempla o conhecido e o desconhecido, adquire uma visão mais aguçada. O devaneio poético, portanto, permite uma relação mais orgânica com a realidade e enseja condições de possibilidade de formas próprias e amplas de ser no mundo.